quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Carta de Despedida

Carta de Despedida à São Francisco


Desde sua criação, O Grupo Paradigma prezou profundamente pela seriedade e compromisso que marca sua existência ao longo destes três anos. Buscamos sempre contribuir positivamente para nossa Faculdade e Centro Acadêmico (independente do grupo que o gere). Prezamos e lutamos por um novo paradigma de política, que se paute pela inovação, com soluções diferenciadas para os velhos problemas, pela valorização da comunicação e transparência, pelo incentivo à participação democrática, pela coragem e ousadia de tomar posturas e assumir responsabilidades, pelo pragmatismo que possibilite ir além do discurso, agindo para uma mudança concreta. E continuamos sentindo a necessidade desta mudança do atual cenário desesperançoso da política acadêmica e nacional.
 
Muito embora tudo isso nos continue caro, é com grande pesar que o Grupo Paradigma vem comunicar sua dissolução à comunidade franciscana, e o fazemos com a consciência de que devemos prestar contas publicamente sobre esta difícil decisão e o que a motivou. Há alguns meses viemos passando dificuldades em nossa dinâmica interna de trabalho, principalmente como conseqüencia de uma série de escolhas e responsabilidades, alheias ao Grupo e sua atividade, que se colocaram a cada membro. Chegamos muito infelizmente ao ponto em que não mais poderíamos corresponder a nossas expectativas como Grupo atuante, e, longe de considerar diminuir a seriedade de nossa atividade, percebemos que o término do Grupo é o melhor caminho se quisermos continuar valorizando nossos princípios e ideais.
 
Não entendam, portanto, que acabam conosco a crença nestes valores e princípios. Muito pelo contrário, eles sobrevivem. Sobrevivem nas contribuições que já demos para uma mudança em nossa Faculdade – mudança este que sentimos de diversas formas: como a percepção de que nossa inovadora estrutura e organização interna disposta na forma de Estatuto influenciou outras agremiações; como assistir a outros grupos políticos prestarem contas de suas campanhas (por mais que de questionável qualidade); como constatar que vem ocorrendo anualmente o PPA independentemente de nossa cobrança (apesar dos vícios e atrasos) e que alunos e entidades nele propõem projetos de qualidade; como perceber que somos um grupo referência quando se pensa política séria e qualificada.

Porém, mais importante que nas conquistas, sobrevivem nossos ideais em nós mesmos, que os levaremos sempre conosco nos diferentes espaços e atividades que ocuparmos e desenvolvermos, e principalmente naqueles que neles acreditam e neles se inspiram. Ficamos consolados se tivermos espalhado esta semente, e se mais pessoas puderem acreditar que, sim, é possível e viável um novo paradigma de política. Gostaríamos também de expressar aqui nossa sincera gratidão àqueles que nos apoiaram por diversas maneiras em sua trajetória. Que nunca se abra mão de cobrar pela ética e valores democráticos, seja na política, seja em quaisquer outros espaços.

Arcadas, agosto de 2010.

GRUPO PARADIGMA

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Evento - A Mídia e o Processo Penal

A Mídia e o Processo Penal

Muitos casos policiais e processos criminais contam com ampla cobertura da mídia. Muitos juristas apontam o trabalho da mídia exercício do direito à informação, garantido pela Constituição Federal, especialmente quando os investigados são administradores públicos, sendo a mídia importante frente de investigação de irregularidades. Muitos outros, contudo, visualizam nesta atuação desrespeito a garantias constitucionais, como a presunção da inocência e o direito à intimidade, tendo em vista a exposição que faz a imprensa de cidadãos ainda não condenados pela Justiça. Para discutir a influência da Mídia sobre o Processo Penal o Grupo Paradigma realizou na última quinta-feira, 20, debate Sala dos Estudantes com a presença do Promotor de Justiça Dr. Francisco Cembranelli e do Advogado e Prof. de Processo Penal Maurício Zanoide de Morais.


GRUPO PARADIGMA

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Texto - Azul 3ª ed.

Informativo do Grupo Paradigma – Edição III – Ano II – Maio de 2010

X Congresso dos Estudantes

Será realizado entre os dias 27 e 30 de maio o X Congresso dos Estudantes, organizado pelo Diretório Central dos Estudantes. O objetivo principal do Congresso é definir diretrizes para a atuação do Movimento Estudantil da USP. Serão eleitos delegados em cada faculdade. Na São Francisco as urnas estão abertas nos dias 20 e 21. Seguem abaixo as diretrizes do Grupo Paradigma para o Congresso.

CONJUNTURA E EDUCAÇÃO

Apoiamos as iniciativas de fortalecimento do ensino público básico e superior, nas diferentes esferas da Administração. Avaliamos criticamente as organizações que procuram atuar de modo oportunista com as pautas relativas ao ensino público. Pretendemos, ainda, favorecer a discussão sobre outras iniciativas que procurem disseminar o acesso ao ensino público, tais como o ensino à distância, conforme certas finalidades em que este seja possível.

PROJETO DE UNIVERSIDADE

Repudiamos iniciativas que comprometam a autonomia da Universidade Pública, espaço de formação profissional e de cidadania. Pretendemos apoiar os projetos de fortalecimento dos sistemas de apoio e assistência aos estudantes, tais como alimentação, transporte e moradia estudantil. Pretendemos, ainda, atuar no fortalecimento dos projetos de fomento à pesquisa e extensão. Encaramos a relação da USP com instituições da iniciativa privada como uma possível oportunidade de contato da Universidade com a realidade da sociedade em que está inserida e suas demandas, além de uma outra possível forma de busca de financiamento, desde que preservada a autonomia da Universidade em seu projeto pedagógico e administração. As Fundações privadas não são por natureza prejudiciais nem benéficas à USP. É preciso uma discussão em concreto, investigando se os interesses das Fundações estão alinhados aos da Universidade. É preciso compreender que as Fundações que se relacionam com esta ou qualquer outra Universidade e participam do processo de pesquisa, ensino e extensão, não devem condicionar a Universidade a seus interesses, mas sim se alinhar aos dessa.

Sobre os espaços deliberativos universitários, acreditamos que para uma Universidade efetivamente democrática é preciso um incremento da participação dos setores hoje subjugados – alunos e funcionários – nas instâncias de decisão da Universidade. Essa participação deve, entretanto, se atentar aos limites e interesses de cada setor; de modo que decisões de nossa Universidade fiquem protegidas do mero arbítrio político. Acreditamos que uma real democracia não pode se limitar à participação, mas também a um intenso trabalho de publicidade das decisões e de transparência da estrutura organizacional de nossa Universidade, principalmente de modo a estimular uma efetiva participação, além da mera divulgação formal.

MOVIMENTO ESTUDANTIL

Somos contrários ao aparelhamento do Movimento Estudantil. As pautas estudantis devem zelar pela independência frente aos Partidos Políticos, devendo as demandas serem orientadas apenas pelas demandas e diretrizes trazidas pelos estudantes. Pretendemos contrapor a posição já solidificada no Movimento Estudantil de influência dos Partidos Políticos, que financiam e controlam as atividades de diversos grupos políticos estudantis, tanto na definição de pautas a serem defendidas quanto na de ações a serem tomadas. O Movimento Estudantil predominante acaba refém de objetivos a ele alheios e naturalmente parciais. Perde-se a capacidade crítica genuína, pois a submissão a tais grupos impede a opinião desvinculada, compromissada apenas com o melhor para a Universidade. Afirmamos nossa posição de acreditar em práticas estudantis independentes do aparelhamento partidário, devendo todos pensar a Universidade como alunos, de maneira livre e construtiva.

A MÍDIA E O PROCESSO PENAL

Muitos casos policiais e processos criminais contam com ampla cobertura da mídia. Muitos juristas apontam o trabalho da mídia exercício do direito à informação, garantido pela Constituição Federal, especialmente quando os investigados são administradores públicos, sendo a mídia importante frente de investigação de irregularidades. Muitos outros, contudo, visualizam nesta atuação desrespeito a garantias constitucionais, como a presunção da inocência e o direito à intimidade, tendo em vista a exposição que faz a imprensa de cidadãos ainda não condenados pela Justiça.

Para discutir a influência da Mídia sobre o Processo Penal o Grupo Paradigma convida a todos para evento na Sala dos Estudantes nesta quinta-feira, 20. Foram convidados para o debate o Promotor Dr. Francisco Cembranelli, o Professor de Processo Penal e Advogado Dr. Maurício Zanoide de Moraes e o Desembargador e Professor de Processo Penal Dr. José Raul Gavião de Almeida.

“A Mídia e o Processo Penal”
Quinta-feira, 20, às 19h
Sala dos Estudantes

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ASSEMBLEIA GERAL DO XI BIBLIOTECAS E NOMES DAS SALAS

Ocorreu na terça-feira, 18, Assembleia Geral Extraordinária do XI para definir as diretrizes da nossa mobilização pelas bibliotecas. Como se decidiu pela deliberação em urnas no Páteo, todos os tópicos levantados na AG serão reapreciados nas cédulas.

Defendemos que o Centro Acadêmico apóie os quintoanistas no que diz respeito às Teses de Láurea, buscando convênios com outras bibliotecas e pressionando a diretoria na flexibilização de prazos e requisitos, ou até mesmo sua desnecessidade, se constatada como possível.

Sobre a questão da nomeação das Salas Pinheiro Neto e Pedro Conde, entendemos que sua manutenção nas pautas em aberto é prejudicial à unidade dos alunos, mas que a manutenção com o foco restrito à ilegalidade da nomeação é possível e pertinente, visto que ferem Regimentos da USP e da FD, assim como outros dispositivos legais.

Sobre as Bibliotecas, além do apoio às iniciativas da Comissão das Bibliotecas, já constituída, defendemos ainda que seja pressionada a Reitoria para a liberação de verbas para a reforma do Edifício Anexo IV com urgência. Entendemos, ainda, que verbas do Governo do Estado de São Paulo devem também ser requisitadas.

A Responsabilização do Rodas não deve ficar restrita à pressão política. Precisamos buscar os meios jurídicos para tanto, além da representação por improbidade administrativa já protocolada no MP. A instalação de uma sindicância para apurar os desmandos do ex-Diretor no recebimento das doações é importante iniciativa.

A saída do vice-Diretor Paulo Borba Casella é ainda bandeira importante do movimento. Como já enfatizamos, não se trata de perseguição pessoal, mas sim de defesa da autonomia de nossa unidade. A tentativa de revogar determinação do Diretor de volta dos livros, em estado precário de conservação no Anexo IV, mostra a falta de compromisso do vice-Diretor com o bem da Faculdade de Direito.

Por fim, a discussão de um Plano Diretor amplo para nossa Faculdade é urgente e demanda esforços de todos os setores da São Francisco. Alunos, Professores e Funcionários precisam, em conjunto, refletir um modelo de longo prazo para nossa Faculdade. Todos queremos modernizá-la!
GRUPO PARADIGMA

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Texto - CONGREGAÇÃO: DOAÇÕES E NOMES DAS SALAS

Será discutida na Congregação da Faculdade, hoje, a partir das 14h, a nomeação das salas Pinheiro Neto e Pedro Conde. Debate-se, desde que as iniciativas do antigo Diretor João Grandino Rodas se reverteram efetivamente nas reformas destas salas e de outros espaços, a possibilidade de investimentos privados em nossa Faculdade. Feita a ressalva da manutenção da autonomia da Faculdade em seu projeto pedagógico, entendemos como claramente positivo o apoio material de instituições privadas externas. Nesse sentido, é plausível a campanha da Associação dos Antigos Alunos, a fim de arrecadar recursos para a Faculdade.

Infelizmente, os termos em que tais reformas foram efetivadas na Faculdade não possuem o mesmo caráter, visto que o então Diretor conduziu as medidas sem qualquer respeito aos órgãos deliberativos da Faculdade, assim como sem qualquer comunicação com os alunos, ferindo a necessidade de aprovação do Conselho Técnico Administrativo da Faculdade para o recebimento de doações, conforme determinação do Artigo 41, Título III (das Unidades), do Regimento Geral da USP: “Ao CTA compete: VI - deliberar sobre a aceitação de legados e doações quando não clausulados, submetendo sua decisão, se favorável, ao Reitor, para as providências cabíveis”. O Diretor, contudo, recebeu tais doações por conta própria. No mesmo sentido, a nomeação das salas mencionadas foi feita sem qualquer critério claro e, também, sem nenhuma consulta a qualquer outro órgão da Faculdade.

Diante dessa situação, o Grupo Paradigma ressalta seu posicionamento já reiterado desde o ano passado, de que é contrário à nomeação das salas Pinheiro Neto e Pedro Conde, por desrespeitar importantes mecanismos de representação da Faculdade. A recepção de doações pode e deve ocorrer, desde que em conformidade com as disposições legais e regimentais da Universidade. Ressaltamos, ainda, que é possível a concomitância entre o agradecimento aos doadores e a devida homenagem a franciscanos reconhecidamente ilustres, sendo desnecessário que a nomeação de nossas salas dependa de algum pagamento à Faculdade. Ainda, o nome de uma sala dificilmente seria modificado quando o patrocínio cessasse.

Esperamos que a Congregação tenha lucidez ao deliberar sobre matéria que pode definir os caminhos futuros de nossa Academia. Entendemos como positiva a construção de um efetivo Plano Diretor para os projetos de modernização, de modo a evitar autoritarismos e amadorismos como os vistos no fim do ano passado e início deste, especialmente no tocante às nossas bibliotecas. Um plano efetivo e de longo prazo deve abarcar tudo o que foi planejado para nossa Faculdade e procurar dialogar com alunos, antigos alunos, professores e funcionários.

Por fim, rejeitamos as ações políticas desmedidas e sensacionalistas que buscam inflamar os ânimos sem refletir as possibilidades concretas com pragmatismo. Priorizamos os meios de diálogo entre os diferentes setores da comunidade franciscana e dessa forma, repudiamos que certas vias de “pressão”, marcadamente eleitoreiras, sejam utilizadas a fim de forçar determinado posicionamento, deixando-se os entendimentos em risco, como já visto em outros momentos na nossa Faculdade.

GRUPO PARADIGMA

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Cartaz - Casa do Estudante

O discurso sobre direitos humanos e moradia no centro é recorrente na Faculdade. Contudo, o Centro Acadêmico conta hoje com um desafio real que poucos se propuseram a resolver, encerrando no discurso sua atuação. O desafio de que falamos está na Casa do Estudante, que enfrenta graves problemas de infraestrutura, segurança e organização de seu espaço.


O Grupo Paradigma apresentou, no ano passado, amplo projeto que buscava o apoio de diversos setores à Casa do Estudante. Como afirmamos em nossa proposta, somos contrários à transferência para o Coseas (Coordenadoria de Assistência Social da USP). O próprio CRUSP (Conjunto Residencial da USP), gerido pelo Coseas, enfrenta dificuldades semelhantes. Se a situação já é ruim para o CRUSP, que fica dentro da Cidade Universitária, não poderia ser melhor para a Casa, bem mais distante dos órgãos centrais da USP. A transferência dificultaria ações de melhoria em decorrência da burocratização e do distanciamento da administração. Como se vê, transferir a Casa para o Coseas seria simplesmente fugir do problema, não trabalhar para solucioná-lo.

Em visita à Casa, o Grupo Paradigma pôde testemunhar os esforços da Diretoria da entidade, exemplo de que a administração da moradia estudantil pode ser feita pelos próprios franciscanos. É essencial reaproximar os franciscanos da Casa para que conheçam sua estrutura, suas dificuldades e saibam de que forma o XI de Agosto atua frente às necessidades de um patrimônio tão importante à própria história da Faculdade.





Estamos convictos de que a revitalização da Casa do Estudante está dentro das possibilidades do Centro Acadêmico. Mas para isso o XI não pode se limitar a medidas paliativas. A atuação do C.A. deve se dar por meio de apoio – institucional e financeiro – ao projeto desenvolvido pelos moradores da Casa. E isso significa comunicação e ação conjunta entre as diretorias do Centro Acadêmico e da Casa do Estudante – justamente o oposto da propositura de planos imaturos, sem a necessária participação dos diretamente afetados.



GRUPO PARADIGMA

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Texto - Azul 2ªed.

Informativo do Grupo Paradigma – Edição II – Ano II – Abril de 2010


Programa Nacional de Direitos Humanos

Desde fins da Guerra Fria e a relativa superação da segurança nacional como pauta dominante da agenda internacional, observamos o aumento do número de encontros e conferências internacionais e a diversificação das questões discutidas. Temas como meio ambiente, desenvolvimento, direitos reprodutivos e sexuais têm se tornado cada vez mais objeto de grandes debates da comunidade internacional, que começa a perceber a multidimensionalidade dos direitos humanos e a interdisciplinaridade dos problemas políticos, econômicos, sociais e ambientais.
Seguindo essa tendência, o Brasil tem se mostrado preocupado em orientar suas políticas segundo declarações e documentos resultantes desses eventos, sendo a criação do Programa Nacional de Direitos Humanos em 1996 - recomendação específica da Conferência Mundial de Direitos Humanos - um exemplo desta aproximação. Amplamente criticado pela sua ineficácia, o 1º PNDH foi reformulado em 2002 ainda no governo de FHC e recebeu sua 3ª versão no final de 2009 por meio do decreto presidencial nº 7.037.
Dialogando com as principais abordagens das ciências humanas sobre o tema, o texto nos remete à concepção cunhada por Amartya Sem de desenvolvimento como liberdade, evidenciando a superação da idéia simplista do PIB como grande indicador. Dessa forma, o plano privilegia a promoção de direitos básicos como alimentação, saúde e educação, cujo foco em políticas de transferência de renda, economia solidária, cooperativismo e associativismo, têm como grande objetivo garantir a cada pessoa a efetiva capacidade de autodeterminação.
Outra importante característica do programa é a idéia de “reconhecer e proteger os indivíduos como iguais na diferença”, propondo para isso uma série de medidas que procuram desenvolver políticas públicas e apoio a grupos considerados socialmente vulneráveis como negros, indígenas, ciganos, crianças e adolescentes, idosos, deficientes físicos, mulheres, homossexuais, travestis, transexuais entre outros.
Apesar de seu caráter progressista - ou talvez exatamente por isso - o PNDHIII tem recebido críticas de inúmeros setores da sociedade, principalmente daqueles relacionados à mídia e ao agronegócio. Tais críticas decorrem principalmente de disposições sobre a necessidade do respeito aos Direitos Humanos nos serviços de radiodifusão, que por seu caráter genérico tem sido considerado uma porta para a censura, além dos confrontos em decorrência do novo tratamento proposto às questões no campo, que dá maior importância ao processo de mediação entre as partes além de mudanças no processo de reintegração de posse a fim de evitar os usuais episódios de violência.
Além destes aspectos, a ideia do reconhecimento da memória e da verdade como um direito humano e a criação da “Comissão Nacional da Verdade” não apenas tem sido alvo de críticas - principalmente pelos militares - como também objeto de divergência e desentendimento entre os próprios ministros do governo, acusados de revanchismo.
Infelizmente, as críticas de grande parte dos deputados e senadores têm seguido estes mesmos argumentos, o que combinado com o caráter programático do documento, faz com que o apoio dos legisladores se torne imprescindível para sua efetividade. Essa postura fica evidente quando observamos a proposta de descriminalização do aborto, já presente no PNDH de 2002 e que até hoje não se tornou realidade, assim como a união civil entre pessoas do mesmo sexo, objeto de um projeto de lei de 1985 e até hoje não votado.
Em decorrência das inúmeras críticas que o PNDHIII tem recebido, o governo federal anunciou que pretende realizar mudanças no documento, causando grande descontentamento de diversos grupos da sociedade civil organizada que tem participado desde 2008 da formulação do programa por meio de reuniões e audiências públicas.
Diante deste embate entre diversos grupos da sociedade brasileira, devemos não apenas nos perguntar quem tem legitimidade para decidir quais diretrizes devem constar no documento, como também nos preocuparmos com quais aspectos nós acreditamos que devem constar no Programa e lutarmos pela sua efetivação, lembrando que nunca teremos um XI politizado e com a importância de décadas atrás se não levantarmos nossas bandeiras.


As bibliotecas ainda fechadas

Desde que se decidiu pela divisão das turmas, que reduzia o número de alunos por classe e aumentava o de turmas, ficou claro que seria necessário repensar o espaço físico da Faculdade. Sendo óbvia a necessidade de criação de novas salas de aula, era imprescindível que isso fosse previsto e planejado antes de se aprovar por definitivo a divisão das turmas.
Além de sua mudança súbita, o erro na questão das bibliotecas centra-se na falta de planejamento. O transporte dos livros foi feito sem que antes houvesse local preparado para recebê-los, com a devida reforma do prédio desapropriado para esse fim. Os funcionários da biblioteca não foram devidamente avisados da mudança, que ocorreu no último dia do mandato do Diretor João Grandino Rodas. Muitos livros continuam encaixotados e empilhados, sob risco de deterioração por falta de cuidados, como vimos em visita recente ao novo prédio. Este patrimônio é de todos os alunos e também da sociedade, é inadmissível que seja tratado com negligência.
Levando em conta o fato de que a mudança já foi realizada e que os problemas são presentes, a busca por soluções e melhorias é necessária. Em reunião com o novo Diretor da Faculdade foram prestados alguns esclarecimentos importantes, como a questão do contrato com a empresa de mudança, selecionada e paga pelo Banco Santander e não pela Diretoria da Faculdade, aproveitada a parceria desta instituição com a USP. O Professor Magalhães procurou destacar a necessidade de parcerias com instituições privadas com o intuito de fugir de licitações, que, em sua opinião, inviabilizariam os trabalhos e melhorias.
Magalhães mostrou-se muito acessível. Contudo, acrescentou poucas informações, efetivamente. Recentemente, a Diretoria criou uma comissão, presidida pelo Prof. Virgílio (DES) e da qual participa um representante discente, para acompanhar as reformas e a montagem das bibliotecas. Os trabalhos acadêmicos estão comprometidos e as respostas fornecidas são insatisfatórias: os alunos merecem maior respeito, e não que as coisas sejam feitas apenas “no menor tempo possível”. Além disso, é preocupante a reação de normalidade do Diretor, ao ser indagado sobre o risco de perda ou deterioração de livros.



Roda Viva e Calourada 2010

Destacamos na Calourada do XI três eventos como os principais, Roda Viva com Heródoto Barbeiro, com Paulo Vannuchi e com Ciro Gomes. Foram eventos bem sucedidos, com convidados de peso e oportunamente trazidos, especialmente os dois últimos; Vannuchi em virtude da polêmica envolvendo o PNDHIII, e Ciro Gomes por ocasião do ano eleitoral e suas possibilidades no cenário paulista e nacional.
O modelo de evento consolidado pelo grupo gestor não deixa de ser bem sucedido. Permite aos alunos proximidade com o convidado, abordando-o diretamente. O Roda Viva, contudo, não apresenta qualquer linha de discussão ou atuação. Resume-se a trazer às Arcadas um nome conhecido. Não se procura com o Roda Viva discutir um tema, de modo que o convidado vem, fala, e vai embora, sem que o XI desenvolva uma linha de pensamento. Não há tema ou discussão proposta. Ganha a gestão a aparência de politizadora por trazer tais nomes, mas o que efetivamente se discutiu? Nada diz a gestão antes, nada depois. Simplesmente dirão pelas Arcadas em outubro: “olha só quem nós trouxemos para a Faculdade!”.
Elogiamos o Roda Viva, desde o ano passado, por entendê-lo produtivo e superior às iniciativas da gestão em geral (como a oficina de grafite que deixou sua produção jogada no Páteo por semanas). O Roda Viva é insuficiente, contudo. A Sala dos Estudantes não pode ser abandonada como espaço de confronto de ideias, com convidados de diferentes orientações políticas. Acreditamos que os eventos do XI devem procurar envolver os alunos em propostas, discuti-las aqui, afim de desenvolver projetos e campanhas na Faculdade.
Por fim, a Calourada 2010 foi certamente umas das piores dos últimos anos. Lamentamos a escassez de debate e a falta de proposta da Diretoria do XI.

O futuro do Porão do XI

Depois da atrapalhada condução das negociações, a gestão conseguiu uma decisão final. Apesar de questionável a postura da Diretoria do XI de deliberadamente defender uma proposta em prejuízo da outra, não recaem suspeitas sobre o processo de plebiscito realizado tardiamente, sob pressão do Grupo Paradigma e demais movimentos de oposição, indignados com a postura autoritária da Diretoria do C.A. no assunto. O diálogo deveria ter sido construído ano passado, com a apresentação das condições vigentes e do cenário de atrasos nos pagamentos.
Eleita a proposta de Alberto Mendes, é necessário que a Diretoria do XI atente para que todos os termos da proposta estejam devidamente atendidos no novo contrato celebrado.
Exigimos da Diretoria do XI diligência na condução dos próximos passos da negociação e da ação de despejo e, acima de tudo, compromisso com os alunos.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Texto - O futuro do Porão do XI

Desde a reforma feita no Porão, em julho do ano passado, a gestão evita o diálogo com os alunos para tomar suas decisões. Ignorando seus próprios princípios, invocam suas competências para assinar contratos. Atualmente, não há certeza entre os franciscanos dos termos das negociações com os locatários antigos. Houve, ou não, e como ocorreu, a abertura para Alemão e Sheilinha cobrirem a nova proposta?
Não é admissível que a gestão do Centro Acadêmico tome suas decisões às escuras e oculte informações aos associados. Era imperativa a renegociação dos contratos do Porão. Se a gestão tivesse apresentado isso à Faculdade, esses termos seriam discutidos, levantando-se, inclusive, a hipótese de encerramento do vínculo com os atuais locatários para que houvesse essa discussão entre os alunos. Não haveria prejuízo à negociação, a partir da decisão dos alunos sobre os termos a se buscar poderia ser aberta concorrência no mercado da mesma forma.
Diante do modo desastrado da negocição, a ação de depejo não foi diferente. O pedido liminar não foi aceito a princípio, feito pedido de reconsideração, requereu-se a concessão liminar do despejo com base na alegação de que a gestão sofria ameaças, usada como prova, inclusive, carta assinada pela “Mão de Deus”, sem qualquer explicação sobre a eventual autoria do texto na petição.
Durante o despejo, posteriormente cancelado em virtude da derrubada da liminar, ficou evidente a incompetência da atual Diretoria do XI. Afastado o sensacionalismo adotado por alguns, de fato a contratação de dois homens desconhecidos, sem qualquer critério, avaliação prévia, de modo irregular e ilegal, é sintomática da dificuldade da atual Diretoria de conduzir os problemas do XI de modo profissional.
Diante deste cenário, o Grupo Paradigma, junto a outros grupos e alunos independentes, requereu a realização de Audiência Pública a fim de cobrar esclarecimentos da Diretoria do C.A., realizada a Audiência na última terça-feira, na Sala dos Estudantes. Contudo, de modo oportunista a gestão do XI convocou duas reuniões abertas às pressas para prestar os esclarecimentos que deveriam ser apresentados na Audiência já programada desde a semana anterior com o claro objetivo de esvaziar o espaço da Audiência. O Plesbliscito para a escolha da nova proposta de locação iniciou-se em sequência, sendo a abertura das urnas realizada paralelamente à Audiência, não posteriormente, como manda a lógica. Tanto as reuniões abertas quanto o plesbiscito são tardios e decorrem da falta de diálogo do grupo gestor, que se perpetua na Diretoria do C.A.
O compromisso com a saúde financeira do C.A. e das demais entidades determina que os termos do antigo contrato sejam revistos. As entidades não podem ter seus repasses comprometidos. É inviável ao DJ e à Casa do Estudante, por exemplo, ter qualquer redução em suas entradas por conta da inadimplência dos locatários. Figuram para o Plebiscito as propostas dos antigos locatários, Sheilinha e Alemão e a de Alberto Mendes.
Independentemente de que proposta seja eleita, é necessário que a diretoria do XI atente para que todos os termos propostos estejam devidamente atendidos no novo contrato celebrado. A implementação de boletos bancários para pagamento, por exemplo, é muito propícia. Tal medida evitaria, por exemplo, que membros da gestão confundissem suas dívidas pessoais com os locatários e o dinheiro do Centro Acadêmico, como acabou acontecendo com a gestão.
Diante da alteração da proposta por parte dos antigos locatários, ambas as propostas estão muito próximas em seus termos e valores. Deste modo, entendemos que é válida a preferência pelos antigos locatários, desde que assegurados todos os novos termos e mecanismos de inibição da inadimplência.
Exigimos da Diretoria do XI diligência na condução dos próximos passos da negociação e da ação de despejo e, acima de tudo, compromisso com os alunos.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Cartaz - O que estão fazendo com nosso C.A.?

O que estão fazendo com nosso C.A.?
Ditadura do Informe Eletrônico


Não há mais diálogo estudante-gestão, vivemos a ditadura do Informe Eletrônico, a gestão faz e informa, não há espaço para discussão com os alunos. A sede de nosso Centro Acadêmico segue cada vez mais de portas fechadas, para acompanhar o resto do Porão.

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O que estão fazendo com nosso C.A.?
Plebiscito ignorado


Sala Pinheiro Neto – plebiscito ignorado! Ano passado, foi realizado plebiscito para verificar a opinião dos alunos sobre a nomeação das salas reformadas com dinheiro de doações. Os estudantes foram claramente contrários à nomeação da sala Pinheiro Neto. O C.A., contudo, jogou nossos votos no lixo, não houve qualquer ação contrária, pior, houve apoio do grupo gestor em nome do ex-presidente.
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O que estão fazendo com nosso C.A.?
Porão às moscas


O Porão está vazio por incompetência da diretoria anterior e da atual na negociação. Não negamos a necessidade de renovar os termos do antigo contrato. Faltou, contudo, diálogo com os alunos para se chegar à decisão de buscar novo locatário e de despejar os antigos. Não foi poupada a justificativa de que esta “é uma decisão discricionária da gestão”, palavras dos diretores do C.A. em Conselho de Entidades no começo do ano.
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O que estão fazendo com nosso C.A.?
Gestão silencia quanto às bibliotecas

Nossas bibliotecas departamentais e circulante foram transferidas às pressas e sem organização, para disponibilizar o uso das salas no segundo andar. Quanto às departamentais, não há previsão de abertura, ficando toda a atividade acadêmica comprometida nesse período. O C.A., entidade que representa os estudantes do Largo de São Francisco, silencia, e nada faz em defesa dos alunos. Precisamos das bibliotecas o quanto antes e cabe ao XI, junto à RD, acompanhar as atividades da diretoria da Faculdade, cobrando rapidez na finalização das obras das novas bibliotecas, que, apesar da demagogia de alguns, não voltarão ao prédio histórico.

terça-feira, 9 de março de 2010

Cartaz - Jornal do XI independente?

Nos últimos anos, o jornal do XI esteve sempre muito ligado à gestão, que organizava sua publicação, redigia o editorial e buscava patrocínios. Tentou-se, em 2008 e 2009, a criação de uma equipe de reportagem, a qual desmanchou-se ao longo do ano, muito em decorrência da falta de independência do jornal.

Foi promovida na última quinta-feira, 4, reunião aberta da gestão, na qual se apresentou o projeto da atual diretoria para o jornal “O Onze de Agosto”. Criou-se um Conselho Editorial, o qual contará com editores específicos para diferentes áreas e um coordenador da diretoria do C.A. Os editores contarão ainda com simbólica bolsa auxílio. Diz-se que a intenção é a de desenvolvimento de um jornal independente da gestão, constituindo a participação do coordenador do XI mero apoio, especialmente no que diz repeito à captação de patrocínios, conforme se afirmou na reunião aberta.

O Estatuto do XI, em seu art. 32 estabelece o Departamento de Imprensa, o qual gozaria de independência semelhante ao Departamento Jurídico e à Casa do Estudante, os quais, muito embora parte do Centro Acadêmico, atuam hoje de modo independente, com diretoria própria e sem ingerência da diretoria do C.A.

Implementado, o Departamento de Imprensa teria as seguintes responsabilidades: (a) organizar a redação e publicação de um jornal mensal do Centro Acadêmico; e (b) estimular e auxiliar a elaboração de publicações de associados. Este Departamento de Imprensa não existe atualmente, sua implementação depende de vontade política para tanto.

A constante modificação da estrutura do jornal a cada gestão desestimula o envolvimento de alunos independentes. O jornal do XI não deve ser instrumento da diretoria do XI para autopromoção ou panfletagem ideológica. Consideramos o jornal um espaço de vital importância para a expressão dos alunos e das entidades acadêmicas.

O Grupo Paradigma defende a implementação do Departamento de Imprensa independente da gestão por considerá-lo grande contribuição ao debate político acadêmico. Esperamos da atual diretoria o empenho na consolidação deste projeto, em respeito ao Estatuto da entidade e aos anseios dos estudantes.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Carta de Apresentação - Grupo Paradigma

Olá, Calouro! Passada a SEREC, já familiarizado com as Arcadas, consideramos este o momento mais adequado para conversarmos sobre a política acadêmica. Nós, do Grupo Paradigma, produzimos este material com o intuito de proporcionar um contato maior com a entidade que politicamente nos representa, o Centro Acadêmico XI de Agosto, e apresentar nossas principais ideias e propostas.

O Centro Acadêmico

O Centro Acadêmico XI de Agosto é conhecido por suas incontáveis participações em campanhas e eventos que foram relevantes tanto para o Movimento Estudantil quanto para a política e para a sociedade brasileira.

Em sua história recente, o XI passa, ao longo da década de 80, por diversos problemas financeiros, enfrentando a falência de seus recursos assim como o desmembramento da organização política que reinava na Faculdade, como a atividade dos partidos acadêmicos. Com votações inexpressivas, encontramos um XI de Agosto que vivia uma lógica distante e pouco interessante aos alunos.

Uma década mais tarde, a descoberta das verbas da extinta FEPASA traz um novo fôlego financeiro ao C.A., permitindo-lhe ousar uma nova realidade de atividade política. Retornam ao cenário da Faculdade os partidos acadêmicos e, assim, um Centro Acadêmico disputado politicamente, cujas gestões ampliam o papel institucional da entidade. A força política retorna às gestões, novos projetos sociais e políticos são iniciados e serviços e atividades destinadas a comunidades carentes passam a ser desenvolvidos.

Neste período, destacam-se a iniciativa de subsidiar refeições aos seus associados no porão da Faculdade, base para o posterior Bandejão; e o início das aulas no Cursinho do XI, serviço oferecido pelo Centro Acadêmico à comunidade carente a fim de oferecer a oportunidade de ingresso na Universidade. Outra importante conquista foi a Cota de Xérox, que permitiu o maior desenvolvimento de debates e da comunicação em geral ao disponibilizar uma verba aos estudantes e aos partidos acadêmicos, com o específico fim de divulgação de suas próprias iniciativas.

Neste momento, um Centro Acadêmico dotado de gigantesca estrutura passa a vigorar. As gestões profissionalizam-se, agregando muitas pessoas para a execução de um programa eleito. É nesta oportunidade que o XI de Agosto, inicia o modelo de gestão “representativa” que recebia o que ficou conhecido como “cheque em branco”, quando o partido eleito, escorado em sua proposta ideológica, utiliza o XI de Agosto para amplificar seus objetivos de grupo, acabando por desconsiderar a comunidade franciscana.

Esse modelo perdura até o início da atual década. Ainda em 1999 um primeiro golpe é deferido no modelo da representação: em Assembleia Geral do C.A. XI de Agosto, aprova-se o Orçamento Participativo, garantindo maior importância aos alunos na discussão e utilização das verbas do Centro Acadêmico.

Assim, um novo modelo de gestão torna-se imperativo: é o início da busca pela participação no XI de Agosto. Assiste-se, então, à proliferação de reuniões abertas e urnas no pátio, tentativas de construções coletivas de posicionamento, e a criação de mecanismos capazes de aproximar o cotidiano da gestão ao do associado. Patrocínios são buscados e as festas acadêmicas perdem o seu ar de simplicidade para ganhar o da profissionalização. Inicia-se a época da salinha de portas abertas, onde qualquer aluno pode “chegar e tocar o seu projeto”. Os grupos políticos passam a procurar lastro na Faculdade para as suas decisões políticas.

Para aproximar mais o XI dos seus associados novos desafios se colocam. Acreditamos que não se pode considerar uma forma de gestão sem participação. Este modelo, contudo, deve ir além da porta da salinha aberta, realizando discussões políticas qualificadas, principalmente sobre medidas que comprometam o XI de Agosto e seus alunos. Trata-se de trazer o aluno para perto das decisões, mas evitando um clientelismo que favoreça apenas aos aliados tão presentes na má política, assim como um modelo de marketing populista que propagandeia muito mais do que realiza. O XI de Agosto precisa de um novo propósito que seja capaz de inserir os estudantes nos principais debates realizados pela sociedade brasileira e pelos movimentos estudantis. Essa inserção deve se dar por meio de uma atuação propositiva, impedindo que os debates, opiniões e anseios dos alunos da São Francisco fiquem restritos às pedras de nossas Arcadas.

A estrutura da entidade

O Centro Acadêmico XI de Agosto é uma associação de direito privado, entidade representativa de todos os alunos de nossa Faculdade. Seu patrimônio vem de doações de antigos alunos, além de outros bens que adquiriu durante sua história. Alguns dos bens mais importantes são: os conjuntos onde fica sediado o Departamento Jurídico do Centro Acadêmico XI de Agosto, o Campo do XI, a Casa do Estudante e o Fundo do XI.

Considerando o fato de que todos os alunos matriculados na Faculdade são associados ao XI de Agosto e a grande relevância do uso do seu patrimônio, as decisões administrativas mais importantes são feitas por meio de Assembléia Geral, em que cada associado tem direito a apresentar suas propostas, manifestar-se sobre as posições colocadas e a votar.

Dentre os departamentos do C.A., temos o Departamento Jurídico do C.A. XI de Agosto (DJ) e a Casa do Estudante, partes do XI de Agosto, mas geridas por diretorias administrativamente independentes. A Associação Atlética Acadêmica (AAA XI de Agosto), o Serviço de Assessoria Jurídica Universitária (SAJU), a Academia de Letraz (AL), a SanFran Jr., o Núcleo de Estudos Internacionais (NEI) e o Grupo de Teatro são instituições apoiadas pelo C.A., recebendo repasses ou ajuda deste, mas não compõem a sua estrutura diretamente.

Aspectos financeiros e administrativos do XI

Para o XI de Agosto realizar seus projetos sociais, culturais e políticos é necessária uma estrutura administrativa que reúna os recursos necessários. Infelizmente, o cuidado que os administradores desta entidade lhe dispensam nem sempre é o mais adequado, e a transparência nos gastos fica muitas vezes em segundo plano.

Antes advindos primariamente do Campo do XI, os recursos do Centro Acadêmico concentram-se, atualmente, nos rendimentos do Fundo do XI, constituído pelos valores correspondentes às ações da antiga FEPASA , e no lucro gerado por festas, congressos, e cursos, além dos aluguéis do Porão. Já suas despesas baseiam-se, em suma, em torno da realização de festas e eventos, de repasses para as demais entidades, da Cota de Xérox para os alunos e da manutenção de sua infra-estrutura (pagamento de salários, encargos, materiais e manutenção de sua sede social, o Porão). O C.A. administra ainda o Centro de Idiomas.

Programa de Participação do Aluno

O PPA, proposto pelo Grupo Paradigma e aprovado em Assembléia Geral em 2008, abrange o antigo Orçamento Participativo (OP), acrescentando nova regulamentação quanto ao seu funcionamento, e o Fundo de Iniciativas Acadêmicas (FIA). O OP permite aos alunos deliberar sobre a destinação de parte do valor do Programa a partir de votação amplamente divulgada, sendo que a execução do projeto aprovado deve se realizar no mandato corrente da Diretoria do XI. O FIA, por sua vez, permite aos alunos obter financiamento para seus projetos individuais ou de grupo, mediante o recolhimento da assinatura de 5% dos associados do Centro Acadêmico. Cada projeto não pode demandar mais de 20% do montante total disponibilizado para o FIA. A reunião dos valores designados ao PPA deve ser distribuída entre o OP e o FIA, não podendo ficar um deles com menos de 30% do todo destinado ao programa.

O Grupo Paradigma

O Grupo Paradigma nasceu em 2008 com o objetivo de encontrar novas soluções para os velhos problemas do C.A. XI de Agosto, para propor alternativas e organizar os estudantes na participação ativa na sociedade, por meio do Movimento Estudantil. A política não pode mais ser um espaço desligado da vida das pessoas, devendo dialogar com os compromissos e os valores pessoais dos estudantes. Pensando uma nova realidade, certos de que a transformação ocorre pela ação política, que o Grupo Paradigma atua.

Dicotomia Direita vs. Esquerda

Entendemos que é importante se posicionar sobre essa delicada questão, já que são frequentes objetos de dúvida na identificação dos grupos políticos. Não vendo grande fidelidade das estruturas políticas brasileiras às distinções de esquerda e direita, tampouco buscando novas nomenclaturas para a solução desses conflitos, como Conservadores/Progressistas, ou Liberais/Intervencionistas, o Grupo Paradigma opta por um posicionamento além do senso comum, defendendo uma análise dos problemas que não seja prejudicada por rótulos simplistas e permita oferecer respostas adequadas e inovadoras.

Por acreditar na incapacidade atual de produzir um conceito coeso de Direita e de Esquerda, tendo em vista que atualmente estes signos não mais representam seus objetos, não nos filiamos a nenhuma destas correntes.

Abrimos espaço, para que nos chamem de Direita ou de Esquerda, sabendo, contudo, quem somos: um grupo político que se posiciona, valorizando o debate, com compromisso e coerência; e o que defendemos: o respeito ao estudante e às instituições acadêmicas, a valorização da política, a participação, a defesa dos valores democráticos, assim como o aperfeiçoamento do Estado de Direito e o desenvolvimento das instituições políticas do país.

Papel do C.A. XI de Agosto e o projeto do Grupo Paradigma

São constantes as referências ao nosso Centro Acadêmico pelo seu passado de glórias, lutas e causas defendidas. Não é só do passado que vive uma entidade, no entanto, e o presente traz a realidade de uma imensa dívida tributária com a Prefeitura, de problemas envolvendo a manutenção de nossa Casa do Estudante e, principalmente, a incapacidade dos grupos políticos e gestores do C.A. XI de Agosto de se comunicar com os alunos.

Externamente, o XI de Agosto deixou de ser o integrante de um debate político qualificado e de posicionamentos relevantes. A multiplicação de ONGs e de agentes sociais ocupou o espaço deixado pelo Centro Acadêmico. Outros aspectos como o despreparo, a falta de um posicionamento distintivo e a não-participação relevante em questões fundamentais prejudicaram o XI de Agosto. Destaca-se também a ameaça ainda não superada de aparelhamento do C.A. XI de Agosto por agentes políticos externos, que subjugam as reivindicações dos estudantes em favor de suas cartilhas.

Na tentativa de procurar uma resposta a essa realidade, o Grupo Paradigma acredita na associação das tradicionais formas de ação política a algo que a nós é usual, o conhecimento das instâncias de ação e reivindicação político-jurídicas disponibilizadas pelo Estado de Direito, permitindo, assim, que o C.A. XI de Agosto efetive um diálogo de construção. Entendemos que uma gestão do Centro Acadêmico deve ter um foco interno, no qual suas atividades se concentrem em seus associados e em aspectos de nossa Faculdade, sem, contudo, abandonar a atuação externa. Acreditamos que o Centro Acadêmico deve se comunicar, integrar e atuar junto à sociedade, de modo que não se torne uma organização isolada no Largo de São Francisco, mas possa se projetar em diversos espaços.

Assim, defendemos a atuação no sentido de propagar as ideias aqui construídas e projetar a São Francisco, tanto na comunidade interna da USP, com diálogo e atuação junto a outras Unidades e com atuação junto ao DCE, como na sociedade, por meio da Mídia, de campanhas incisivas e do projeto “XI em Brasília”. Acreditamos que o XI de Agosto deve ter um papel político que possa efetivamente atingir a sociedade.

Atuação Política

O Grupo Paradigma acredita que o viés político é a principal face do Centro Acadêmico XI de Agosto. Portanto, é essencial que sua gestão tenha uma linha clara de atuação política.

É lugar comum que o XI de Agosto não tem sido mais capaz de, nos últimos anos, propor e influir no meio político nacional. Percebe-se, também, que o Movimento Estudantil, especialmente o da USP, está desmoralizado, sem seriedade em suas posturas e muitas vezes dominado por interesses de partidos nacionais. Como um meio de mudar este quadro, deve o C.A. reaproximar-se do Movimento Estudantil, não necessariamente a este se alinhando, mas sim atuando na política acadêmica e defendendo os ideais dos franciscanos.

Outro importante campo de atuação são as causas sociais. É irreal acreditar que o XI de Agosto, por si só, solucionará grandes problemas sociais brasileiros, mas limitar-se a protestos e discursos contra a injustiça social pouca mudança real traz a este quadro. A aproximação a organizações já existentes que prestem serviços sociais, como ONGs e órgãos estatais, pode relacionar atuação política e transformação social. Tais organizações muitas vezes precisam de recursos humanos, divulgação, e apoio institucional para desenvolver seus projetos. Acreditamos que, especialmente, a questão da moradia no centro é um problema sobre o qual não pode a sociedade ser negligente.

A Atuação Político-Jurídica

Enquanto representante dos alunos de uma Faculdade de Direito, o Centro Acadêmico XI de Agosto ocupa posição privilegiada no tocante à utilização de instrumentos jurídicos para concretizar seus fins e bandeiras. Nesse contexto, a atuação política tradicional deve ser aprimorada. Devem ser priorizados meios de ação que fortaleçam e desenvolvam as instituições democráticas, estendendo o diálogo e o debate a respeito do Direito para toda a sociedade.

Dentre as inúmeras possibilidades institucionais de atuação política, elencamos como formas de atuação:

1. Requerimento de certidões ao poder público a fim de esclarecer e divulgar suspeita ou constatação de irregularidades;

2. Requerimentos a organismos ou instituições, como o Ministério Público ou Defensoria Pública, para que ajuízem ação civil pública em defesa de direitos coletivos ou difusos;

3. ADIn Estadual, para fiscalizar e garantir a aplicação das garantias e direitos previstos na Constituição do Estado de São Paulo;

Destacamos, ainda, como exemplos de uma atuação mais eficaz, a participação do Centro Acadêmico em audiências públicas; na implementação do serviço da Defensoria Pública da União nos locais onde ele não é prestado ou o é de forma deficitária; e no acompanhamento das atividades de órgãos ligados à Faculdade, como o Juizado Especial Federal. Nosso Centro Acadêmico pode também tomar parte na apresentação de projetos de lei, via atuação na Comissão de Legislação Participativa do Congresso Nacional – o que chamamos de projeto “XI em Brasília”. Tal atuação não exige a presença de membros da Diretoria na capital federal, e possibilita influência em temas relevantes para a Faculdade e para a sociedade em geral.

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Encerramos nossa carta com um convite: participe da política acadêmica. Sem dúvida será uma grande oportunidade para o seu desenvolvimento profissional e, principalmente, pessoal.

Calouro, seja bem-vindo!
GRUPO PARADIGMA

segunda-feira, 1 de março de 2010

Nossas Arcadas

Calouros, sejam bem vindos à Facvldade! Enquanto vocês descobrem as Arcadas e tentam desvendar seus próximos cinco anos, estas veteranas vislumbram em cada canto do Largo uma nova saudade típica de quem logo será antiga aluna.

Invejando todo o tempo que vocês ainda têm, percebemos o quanto quintoanistas e calouros são parecidos, muito embora as diferenças sejam sempre mais evidentes. Calouros observando sua nova casa, notando que as mesmas pessoas parecem ocupar os mesmos espaços, algumas no Pátio ou jogando sinuca no porão, outras sempre a caminho da biblioteca ou só vistos em festas e, antes do final do primeiro semestre, também preferindo sentar numa ou outra Arcada, num lugar que é seu. Quintoanistas, mais sumidos, apressados, olhando com uma familiaridade carinhosa para uma Arcada, que não consegue deixar de visitar, reconhece a calourice com um grupo de amigos menor que o de calouros, mas, sem dúvida, mais íntimo.

Ambos dominados por uma sensação de segurança e habitualidade que faz da Sanfran nossa casa. O prédio histórico que parecia tão gigantesco e imponente no começo do primeiro ano só volta a ser gigantesco e imponente no quinto. A grande descoberta do quinto ano não poderia ser mais dependente do primeiro ano. É fruto da grandeza e amplitude dos sentimentos que nos envolve durante a estadia no Largo de São Francisco. Tudo o que acontece em um único ano é incrivelmente extenuante, uma rotina ainda desconhecida dos calouros, mas que é alimentada pela energia da renovação que só eles podem trazer, mudando o perfil dos eventos, o ritmo das festas, renovando as ideias e as cores das Arcadas, a nova Academia toma forma.

A experiência a mantém velha. Velha Academia da forma menos pejorativa, afinal, daí vem a tradição de nossas Arcadas, que permite ao veterano o entusiasmo e a franciscanice. Também permite a escolha das possibilidades dentro da Facvldade e isso, calouros, não é ruim, com uma condição, aceitar os desafios e oportunidades que as Arcadas oferecem.

Cinco anos é pouco tempo, no entanto, suficiente se você tiver coragem. Nem todos os sonhos serão conquistados, afinal, a Facvldade que parece tão estática, sempre com os mesmos rostos nos mesmos lugares, muda com uma velocidade impressionante e a única forma de ser parte da velha academia sem deixar de ser parte da nova é não ter medo.

Transformar a Facvldade é um processo lento e pouco confortável, mas cada calouro deveria saber o que todo quintoanista sente no coração: as oportunidades são ilimitadas apenas num espaço de tempo determinado; por isso, calouro, seja cuidadoso, mas não deixe o medo te impedir de crescer nestas Arcadas.

Carolina Morishita Ferreira e Alessandra Urrutia – Turma 179

GRUPO PARADIGMA

* Texto publicado na edição zero do Jornal "O Onze de Agosto"

 

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